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Fenômenos (O Maranhão é um estado rico)

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Edson Vidigal

Então, amiga, amigo, como é que não sabíamos que a senhora que na história soma mais tempo de demora na curul é uma socióloga?

Antes de tudo, para que não haja mal entendidos, convém explicar logo o que vem a ser curul e também o que é ser socióloga.

Curul
Curul era como chamavam na Roma antiga a cadeira incrustada de marfim reservada apenas aos altos dignatários. O tempo não desgastou o prestigio da cadeira de pernas curvas.

Daí que sentar na curul continuou sendo para alguns um grande privilégio.

Daí não faltar ainda hoje no Maranhão quem até venda a alma ao diabo para se sentar na curul governamental pelo tempo que o toma lá dá cá com o governo federal consentir.

Sempre que ouvimos falar em sociologia logo nos remetemos ao Fernando Henrique, talvez o sociólogo mais bem sucedido, não porque tenha sido Presidente da República por duas vezes, mas por sua vasta e internacionalmente respeitada produção acadêmica.

Sociólogo é um pesquisador que precisou estudar ciências sociais por quatro anos seguidos e por mais tempo até obter sólida formação humanística, incluindo filosofia e ciência política.

Não sendo ainda hoje uma profissão de grandes oportunidades no mercado de trabalho, talvez porque ainda pouco compreendida, o sociólogo começa a encontrar espaços em assessorias de partidos políticos, em consultorias de marketing e em organizações não governamentais. O salário inicial? R$ 1.800,0. Isso mesmo. Hum mil e oitocentos reais.

Mas sem o trabalho do sociólogo fica mais difícil compreender os fenômenos sociais e obter as respostas claras justificadoras de cenários, fundamentos e estruturas.

- Um dos problemas que está piorando a segurança é que o Estado está mais rico.

Qual socióloga ou sociólogo, sentado numa curul, teria a competência de explicar o fenômeno da violência urbana e nos cárceres do Maranhão tão sucinta conquanto brilhante, assim?

Vai ser a frase do ano!

Notas do editor da Aldeia:
a) Ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal escreve semanalmente para a Direto da Aldeia Global.

b) Acima, a prosa sobre a frase de Roseana Sarney na semana passada, atribuindo à riqueza do Maranhão a causa da escalada da violência no estado. E abaixo, o verso sobre o tema, de Edmat Lima Neto e publicado, originalmente, no Jornal GGN.

O pobre Maranhão rico


Edmar Lima Melo

A sociedade ordeira
Do Estado do Maranhão
Vive a “Divina Comédia”
De um “Dante” do sertão
Com inocentes queimados
E presos decapitados
Em pedrinhas na prisão.

As cenas de violência
Gerou notícia no Mundo
O Zé Sarney mergulhou
Caiu em sono profundo
E nesse estado sem lei
Falta a família Sarney
Culpar D. Pedro Segundo.

A inaudita desculpa
Porque tudo aconteceu
Foi dada numa entrevista
Por Roseana Sarney
Disse na televisão
Cresceu a população
E o Estado enriqueceu.

Não vejo nexo causal
Nem lógica no argumento
Pois pobre que fica rico
Atenua o sofrimento
Vejo sim que o Maranhão
Cresceu igual a anão
No item assessoramento.

A pior renda per capita
Entre os vinte e sete estados
Está nesse estado rico
Com preso decapitado
A concentração de renda
Para que você entenda
Tá com os donos do estado.

Riqueza no Maranhão
Prejudica a segurança
Não gera emprego nem renda
Mas queima velho e criança
Resta esperar algum dia
A queda da oligarquia
E os tempos de bonança.
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