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Eduardo Campos expõe mais propostas em entrevista

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Terra

São Paulo, SP. O Brasil precisa cortar gastos ruins de custeio da máquina pública e de uma reforma tributária fatiada, sem perder conquistas sociais ou reduzir direitos trabalhistas, disse o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos. Para ele, isso depende fundamentalmente de uma mudança na governança política.

O socialista de 48 anos defendeu, em entrevista exclusiva à Reuters nesta quinta-feira em São Paulo, que a Petrobras tenha uma política clara e pública de reajustes dos preços dos combustíveis, a exemplo do que ocorre com tarifas de energia e telefonia.

Eduardo Campos
Eduardo Campos, em entrevista à Reuters, hoje, em São Paulo
"Nós vamos conter a inflação, nós vamos fazer o Brasil crescer, nós vamos alavancar os investimentos no Brasil, nós vamos conter o gasto ruim, nós vamos fazer o dever de casa que precisa ser feito", prometeu.

"Não vamos fazer isso perdendo conquistas sociais, não vamos fazer isso sacrificando o direito dos trabalhadores. Vamos fazer isso com uma governança inteligente, passando confiança aos investidores, tendo coragem de fazer os cortes que a máquina pública precisa."

Tudo isso, na visão de Campos, só será possível com a mudança na relação política, considerada por ele a barreira mais importante a ser vencida.

"Agora é um novo ciclo, o padrão político brasileiro está vencido, o padrão de governança do Estado está vencido", disse ele, que luta para ser conhecido pelo eleitorado brasileiro e para quebrar a polarização de PT e PSDB, que governam o país há 19 anos.

"Quem falar isso para o Brasil vai encantar a vida brasileira e vai ter o apoio da sociedade para fazer mudanças", disse o pernambucano, que anunciou na semana passada a chapa com a ex-senadora Marina Silva para disputar a Presidência.

Segundo ele, se o Brasil pôde derrotar a ditadura, não há por que duvidar que é possível vencer "a velha política que está em Brasília". "Essa é a trincheira que tem que ser derrotada para abrir um novo tempo e um novo ciclo (no país)", disse Campos.

"Para mim é muito claro o diagnóstico de que a primeira das mudanças... é uma mudança na política", insistiu o ex-governador de Pernambuco, que numa conversa de quase uma hora evitou se comprometer com metas fiscais.

Campos disse que a "velha governança política" terá que ser vencida com a ajuda da sociedade, que pode pressionar o Congresso Nacional a votar o que os candidatos pactuaram durante a campanha eleitoral.

"Nós estamos dizendo agora, nós estamos dizendo à sociedade, é possível fazer uma governança diferente. A sociedade tem um papel agora, que é mandar para o Congresso parlamentares que tenham a ver com essa visão", argumentou.

Questionado sobre o que fará para vencer a desconfiança dos investidores com o Brasil e para enfrentar as dificuldades econômicas previstas para 2015, Campos aposta que sua vitória já solucionaria parte das preocupações dos mercados.

"Eu acho que a gente vai começar a ajustar a economia antes de janeiro de 2015. A gente vai começar a ajustar a economia ganhando a eleição", afirmou confiante.

"Nós temos problemas nos fundamentos macroeconômicos, mas esses problemas não são nem maiores do que já foram no passado e nem são maiores do que os problemas que outros países do mundo da mesma dimensão do Brasil têm", disse.

Petrobras

Se eleito, Campos disse que determinará que a Petrobras tenha uma política clara de reajuste para os combustíveis, semelhante ao que ocorre com outros segmentos da economia.

"O setor de energia tem uma regra, telefonia tem uma regra, a passagem de ônibus tem uma regra. Há um preço transversal na economia em questão que é o preço do combustível. Ele tem que ter uma regra. E essa regra tem que estar na equação da política macroeconômica", afirmou o pré-candidato. "Não é a política macroeconômica definir a regra (de reajuste dos combustíveis) em função de sua conveniência."
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