-->

São João do Caru: Produtores prometem resistir à desintrusão

Publicidade
Arnaldo Lacerda
Arnaldo Lacerda, na sexta-feira, 20, discursa na Assembleia dos Produtores Rurais Caruenses
Clique aqui para Álbum de Fotos do evento, inclui trechos da MA-318, 92 km de Bom Jardim
para São João do Caru, com caminhonete e no verão o percurso é feito em pelo menos 3 horas
Frederico Luiz

São Luís, MA. Eles chegaram no início das décadas de 1970 e 1980, quando o governo federal mandava ou incentivava o desmatamento. Aprenderam a preservar e se tornaram pequenos produtores ou agricultores familiares. Hoje, são ‘intrusos’ e em breve: ‘Sem Terras’.

Na manhã da sexta-feira, 20, pelo menos dois mil deles se mobilizaram em São João do Caru, (359km SW de São Luís-MA) para se manifestarem contra a Funai e o ICMBio, os órgãos do governo federal encarregados da demarcação de reservas indígenas e biológicas.

A grande maioria dos ‘intrusos’ presentes na assembleia da entidade deles, a Associação dos Produtores Rurais Caruenses, estão assentados com seus respectivos títulos de posse e escrituras na atual Terra Indígena Awá-Guajá. Mas, havia representantes de outras outras áreas: de Bacurizinho (Grajaú), Porquinho (Fernando Falcão) e da vizinha Reserva Biológica do Gurupi (Centro Novo).

Leia mais sobre o drama do despejo em São João do Caru
Sexta-feira, 20: Dois mil protestam em São João do Caru contra Funai
Quinta-feira, 19: Awá: Weverton e Carlinhos confirmam presença em S. J. do Caru

As reservas passam e ultrapassam limites, os parênteses significam os municípios mais afetados e cada área.

A Ação de Desintrusão da Justiça Federal marcava para o Natal deste ano, precisamente ontem, sexta-feira, 20, o início da retirada dos produtores. Mas, com apelo de um grupos de deputados federais liderado por Weverton Rocha (PDT-MA), o Exército adiou o cumprimento da ordem judicial para o mês de janeiro de 2014, precisamente no dia 10.

Pode ser o último ano do sonho da terra própria para as 1,5 mil famílias, certa de 7 mil pessoas que estão espalhadas em áreas conhecidas como Caju ou Cabeça Fria, por exemplo.

Madeireiros

“Vamos resistir a esta injustiça, vamos mostrar a nossa cara, quem mora aqui tem muito calo nas mãos”, diz Arnaldo Lacerda, presidente da Associação quando rebate as críticas de que preside uma entidade formada por madeireiros e plantadores de maconha.

De fato, traficantes de drogas ou de madeira costumam ter poucos ou quase nenhum destes calos. E ainda, escondem seus rostos diante da imprensa ou das câmeras de fotografia. Não é o caso deles.
Advertisemen