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Isadora Barbosa: A imperfeita busca pela perfeição

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Perfeição

Isadora Barbosa

Desde que somos crianças, somos "bombardeados" com histórias de princesas e príncipes. O "cara ideal" que vai nos salvar da torre de marfim, vai nos levar para conhecer o mundo com ele, vai nos encher de presentes e nos tratar como as rainhas das histórias. Ele precisa ser gentil, honesto e, claro, suficientemente desafiador para não nos fazer cair no tédio. Ou seja, o famoso "príncipe encantado".

Claro que, para isso, precisamos cumprir certos requisitos. Não adianta sermos educadas, comportadas... Precisamos mesmo é manter o peso abaixo, muito abaixo dos três dígitos, mais ou menos na metade disso. Precisamos de educação refinada, não dizer palavrões, estar sempre cheirosas e como se acabássemos de sair do banho, com as coxas firmes e as saias suficientemente curtas para o jogo do mostra-esconde. Sim. Mesmo que nem todos pensem assim, faz parte do pensamento da maioria. É difícil e lamentável, mas nessa "pós-modernidade" em que vivemos é assim.

A verdade é que estamos sempre fugindo das imperfeições. Imperfeições? Que palavrão!

Corremos delas o tempo todo tentando nos manter perfeitas, agradáveis e bonitas, mas, parece que quanto mais você corre atrás, mais ela corre de você.

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Eu sou uma destas pessoas que ama, sabe? E isso traz muitos sofrimentos, pois você fica sempre querendo acertar, querendo se aperfeiçoar e sempre se enxergando defeitos. Olho-me no espelho e procuro o que consertar. Devoro revistas de beleza e moda, mas só consegui fazer estas coisas todas quando parei de tentar ser perfeita.

Não, os príncipes encantados não existem, mas as princesas também não e talvez esta seja a nossa pior ilusão. É uma vontade tão grande de agradar, de ser perfeita, que um dia acordamos e nem temos vontade de escovar os dentes, que é uma medida de higiene, e não de beleza. Parece que vem uma revolta lá de dentro, de tudo o que poderíamos fazer e não podemos porque não somos perfeitas.

Por mais que nos esforcemos no trabalho, sempre deixamos uma coisa para fazer. Por mais que não faltemos na malhação, tem sempre uma celulite teimando em morar na nossa coxa e não sair de lá tão cedo. Por mais que eu revise este texto, deve ter um ou outro erro de português que, sim, passou despercebido. E nunca, nunca vamos dar conta de tudo o tempo todo. Ser uma mulher com todos os aspectos da vida resolvidos. Isso sim é um conto de fadas.

O pior é que queremos de volta o nosso investimento. Queremos homens ou mulheres que nos deem coisas que não nos damos. Queremos pais que nos compreendam 24 horas. Queremos amigos que nos apoiem incondicionalmente quando não fazemos isso conosco.

Quantas vezes você cometeu um erro, um erro bobo, e acabou com você por isso? Qual o tamanho do medo que você tem de errar, que te faz nem tentar? Por que simplesmente não aceitamos que isso aqui, a vida, é um processo evolutivo e que sim, já somos criaturas perfeitas, aprendendo?

É um processo. Uma maneira de ver. Não é errado gostar das coisas, amar-se e querer se ver melhor. Não é errado ser como somos. Não estamos errados. Temos dias de glória, mas antes dele, temos o trabalho, os acertos e os erros e, aí sim, o final feliz da história. Como diria o poeta: "No fim tudo dá certo. Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim".
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